quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Repoxygen - Um Gene Supelementar da Epo

Este produto permite a introdução discreta no organismo de um gene supelementar da EPO. Uma arma temível Tudo começou em Janeiro de 2006 no curso do processo do antigo treinador da Alemanha Oriental Thomas Springstein. Os investigados revelaram ter encontrado então em sua casa a pista de um e-mail onde se podia ler: “É muito difícil de conseguir o novo Repoxygen. Me dê por favor novas instruções de modo que eu possa encomendar os produtos antes do Natal”.
Até então, o Repoxygen era somente um futuro “gene-medicamento” desenvolvido por uma empresa obscura de biotecnologia britânica, a Oxford Biomedica, para combater a anemia severa. Um gene-medicamento é simplesmente um DNA humano capaz de, uma vez injetado no músculo do indivíduo, produzir uma substância vital (hormônio, proteina) que os genes naturais do doente não podem produzir. É a base da terapia gênica. O Repoxygen contém uma cópia normal do gene humano da famosa EPO, esse hormônio renal que desencadeia na medula óssea a produção de
uma grande quantidade de glóbulos vermelhos.
A EPO tornou-se a vedete do doping high-tech há mais ou menos uma década atrás, mas os dopados sabem que os exames anti-doping podem detectá-la. Eis de onde surgiu a idéia deste doping genético mais difícil de detectar.... Os testes com animais do que devia se tornar uma terapia gênica foram decepcionantes : babuínos que receberam o Repoxygen por injeção intra-muscular se puseram a fabricar o hormônio EPO em tal quantidade, e de modo tão incontrolável, que eles produziam quilos de glóbulos vermelhos. Era preciso sangrá-los diariamente para que sobrevivessem!
Um outro estudo em primatas também virou um drama: a injeção desencadeou uma reação relâmpago de defesa do organismo e os animais tendo se tornado incapazes de produzir novamente glóbulos vermelhos tornaram-se rapidamente tão anêmicos que fora preciso praticar-lhes a eutanásia..

Desvio terapêutico
A vontade de dar outro rumo à terapia gênica médica “legítima” por atletas e treinadores para fins de doping não nasceu ontem e não diz respeito apenas à EPO. Genes da Insulina, do Hormônio do Crescimento, da testosterona ou de fatores do crescimento estariam nos próximos anos no programa das farmácias especializadas e da equipe médica dos atletas.
Aliás, desde 2003, a comissão de Genética da Agência Mundial Antidoping ficou furiosa : a Ama financiou 25 programas de pesquisa nos laboratórios da Dinamarca, Suécia, Estados Unidos e França.
Trata-se de detectar nos ’dopados’ a presença do gene suplementar do hormônio de crescimento, da EPO e da miostatina. Presume-se que outros trabalhos realizados pela Universidade da Flórida e o INSEM, em Nantes coloquem a disposição testes eficazes de detecção dos vírus que servem como veículos dos genes do doping.
Mas, até agora, nenhum projeto resultou em um teste válido por via sanguínea ou urina. O doping genético só pode ser descoberto fazendo-se uma biopsia nos músculos dos atletas!
Repoxygen foi abandonado no seu desenvolvimento clínico pela Oxford Biomedica em 2007 : caro demais comparado aos outros tratamentos eficazes e já autorizados para as anemias. Mas os atletas estão dispostos a tudo: quando Lee Sweeney, um biólogo da Universidade da Pennsylvania, criou no começo dos anos 2000 os ratos "Schwarzenegger" com 30% a mais de massa muscular em lhes injetando um gene IGF1 que controla o crescimento muscular, ele foi inundado de pedidos de atletas. Todos voluntários, quaisquer que fossem ser as conseqüências
por terem se tornado cobaias humanas. E sites da Internet já fazem a promoção de produtos de doping genético como o Repoxygen.

A matéria em francês traduzida na íntegra por Alvaro Ribeiro, advgogado, amante dos esportes, dedicado nos últimos anos ao estudo dos fenômenos doping, “condutas dopantes” e “lazer desviante”. http://alvaroribeiro.net/

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